Dossiê | Reylo: De inimigos a amantes? – Parte 2: Os Últimos Jedi

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Esta é uma série de posts que mostra se Reylo, uma teoria que acredita que Rey e Kylo serão o casal da trilogia sequel, é possível pela perspectiva de uma das explicações mais comuns: De que eles seguem o tropo de inimigos que se tornam amantes. Como toda teoria (ou, neste caso, um ponto de vista sobre uma teoria já existente), leve isso como uma opinião baseada em como esse tropo funciona, nos filmes e livros em geral e no cânon, e antes de comentar sobre, defendendo ou atacando este ponto de vista, leia toda a matéria (e se possível, todo o dossiê) para não expressar opiniões equivocadas ou sem fundamento.


Mestre Jedi Dossiê | Reylo: De inimigos a amantes? – Parte 2: Os Últimos Jedi

Na primeira parte, discutimos como O Despertar da Força apresentou o relacionamento entre Rey e Kylo e como é diferente das histórias que usam o tropo ‘de inimigos a amantes’ em momentos chave. Em Os Últimos Jedi, Rian Johnson aparentemente sinalizou que Rey e Kylo estariam no tropo “de inimigos a aliados”, sugerindo que a história estava nesse caminho. Nesse tropo – que, realmente, é parecido mas não idêntico ao “de inimigos a amantes”- o personagem “mau” é redimido tipicamente no segundo ato ou no início do terceiro, onde tanto ele quanto o herói ou heroína se juntam para derrotar o “chefão”, que se mostra como o verdadeiro vilão da história no clímax do terceiro ato.

Na Trilogia Thrawn (agora sob o selo “Legends”), Mara Jade é solidamente uma aliada de Luke Skywalker bem antes do clímax da terceira parte, e eles só se tornam amantes muitos anos depois. Em Avatar: A Lenda de Aang, o vilão Zuko é redimido no começo da terceira temporada para que o seriado possa ter múltiplos sub-arcos dele construindo amizades com os outros personagens principais e assim se prover um herói na última temporada. Em Sr. e Sra. Smith, os personagens principais param de tentar matar um ao outro no meio do filme e usam o resto do tempo para trabalhar seus problemas de relacionamento enquanto fogem dos vilões. Rian, um diretor trabalhando num estúdio bem estabelecido no mercado, obviamente conhece esses tropos, e sabe que em alguma medida o público os conhece também.

Assim, Rian brincou com elementos superficiais do tropo, mas o interrompeu bem antes de completá-lo, para de certa forma enganar o público. (Como Luke disse – “Isso não vai acontecer do jeito que você imagina!”). Ele quis que o público sentisse uma certa expectativa sobre as interações de Rey e Kylo, que poderiam levá-los a uma aliança, de que a Trilogia Sequel envolveria os dois lutando contra Snoke (ou outra figura “verdadeiramente antagônica”). Rian conseguiu isso fazendo Rey e Kylo interagir de uma maneira gradativamente menos hostil, de uma forma “íntima”, o que, caso houvesse deixas objetivas para um romance, poderíamos corretamente interpretá-la desta forma. Vale apontar que Rian também descreveu a cena da primeira lição de Luke a Rey como “íntima.”

Tendo Kylo, no segundo ato do filme, escolhido tomar o lugar de seu mestre como Supremo Líder, não aceitando a oferta de companheirismo e compaixão de Rey, Rian subverteu bruscamente o tropo “de inimigos a aliados”. Para nossa surpresa, aprendemos que a compaixão e um senso de pertencimento – o que Vader queria, e o que as interações anteriores entre Rey e Kylo deixavam a entender que Kylo também queria – não é a chave para a redenção de Kylo. Esse não é um conto de fadas onde um pouco de amor e entendimento transforma um monstro em uma pessoa redimida. De fato, a inocência quebrada de Rey reflete-se no público; a história não aconteceu do jeito que ela achou que aconteceria, nem a maneira de como fomos levados a acreditar que aconteceria.Vale lembrar que Rian considerou Rey como uma “substituta do público” que assiste Os Últimos Jedi. Então, ao usar partes do tropo, Rian aumentou o impacto do plot twist. Ele queria que o público se sentisse tão traída quanto Rey naquela cena, pois suas expectativas não foram atendidas.

Muitos afirmam que a Trilogia Sequel está usando o tropo “de inimigos a amantes” com Rey e Kylo, e que Os Últimos Jedi até confirma essa teoria. Mas na verdade, por conta do plot twist (além de muitas outras coisas), o filme faz com que esse tropo seja impossível no contexto de um arco de três filmes. Para que esse tropo pudesse ser executado, a história precisava dedicar um grande período de tempo para desenvolver o casal como amantes depois de terem deixado de ser inimigos para vender a ideia de que eles seriam um casal para o público dentro e principalmente fora do fandom. Até mesmo em Sr. e Sra. Smith, onde os personagens já eram casados e onde estava claro para o público de que eles estavam apaixonados, a narrativa deu um tempo após eles pararem de brigar para que pudesse mostrá-los discutindo sua relação e crescendo como casal.

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Este dossiê é uma tradução livre da série sobre Reylo feita pelos fãs da Star Wars Shadow Council.

Artigo original:
sociedadejedi.com.br